Não dói mais
Não dói mais
Não mais como antes
A dor que me trouxe é diferente, meu primeiro desamor
De fato, preferia sentir aquela outra, mas...
Não eras tu
A minha musa inspiradora
Dos meus versos, notas e declamações
De fato, não deveria ter voltado ao teu corpo nu
Há um mês lançava-me no abismo com sua loucura
Me levava de volta para teu rubro mar infame de injúrias vãs
Como a nau de Cabral, tomei outro rumo, para as tormentas
Querendo chamar de esperança, esperança que era tua
Queria estar aos prantos, lamentando
Mas encho os pulmões de fumaça e cuspo fogo
Querendo queimar com ira todo oxigênio que respiro e me da vida
Matando-me por dentro, depois que mataste o que por ti ia aumentando.
Enquanto escrevo, deves estar distribuindo teus amores estrangeiros
Afinal, nunca foi difícil separar as margens do teu rio
Confesso não admirar-me se voltares com alguma semente no ventre, ou moléstia venérea
Confesso ainda, que temo e torço escuro para que isso se dê por inteiro
Quando voltares, as mesmas vozes que, a mim, chamaram-te louca e fútil
Dizem-me que há de me procurar
Que virás cheia de amor para dar
De ti, desejo apenas mais milhas, apenas isto me é útil
Queria estar triste, porém tenho raiva.
Queria estar lamentando, porém praguejo,
Queria estar com fome de amor, porém, tenho cede de vingança
A vontade de injuriar-te, como me fez, é a única coisa que sobre meu coração e minha mente paira.
Nos meus palcos, poderias ser minha atriz, porém, és meretriz
Como todo resto de tua matilha
Tua loucura não é a que pedi aos céus
Para que fizesse par com a minha num chão de giz
Pensara que tinhas voltado apenas por seres boa na cama
De fato, mulheres da vida como tu costumam ser
Lembro-me quando indagara que dizia a ti as mesmas coisas que dizia às outras
Na tua hipocrisia, sei que tu fazias isso, visto a tua fama.
Arrisco dizer-lhe que hoje, nem para trepar serves.
Antes lembrava te ti para terminar o coito
Agora, quando me vens a cabeça quando estou com outra
Controlo-me para não descontar nela a raiva que me ferve.
Arrependo-me por ter desviado o caminho e voltado para teu abraço espinhento
Se soubesse que farias comigo o que fizestes com teus outros antigos companheiros de quarto
Não tinha tomado a decisão errada, nem sentido saudades
A dor de outrora, se esvairia e eu sairia correndo
Queria ter respeito, porém, tenho ojeriza
Queria ter dor, agora tenho ódio,
Com teu espírito cruel, plantou, semeou e colheu o que há de pior em mim
Tudo se converteu de repente, como quem apaga um interruptor, e isso me adoece e aterroriza.
Se eu soubesse teu histórico, não tinha voltado ao teu contexto
O que sentias por mim era tão vão, que alguns quilômetros e meses o fizera ruir
Me pego me esgueirando, vendo-te esgueirar
Me frustra este título, pois tinha pensado-o para outro texto
Desfaço de todas as coisas que me lembram de ti
Relutante, digo que se desfaça das minhas que estão contigo, ou que use com teus outros clientes
Me pego simulando batalhas imagéticas contigo, para quando voltares
Não suporto mais a guerra que instauraste aqui.
O fio fino se rompeu
O que antes era cor, sorriso, esperança e amor
Agora, ouvindo os melros na noite
Virou isto, virou eu.