DESCASO DO PODER PÚBLICO
Que pouca vergonha!
Enquanto nas grandes cidades
Há banquetes por aí afora,
E os preciosos mimos
Nos balcões ostentatórios aflora
Um grito de dor
Dos miseráveis
Pelas calçadas ecoa
Num cortejo triste,melancólico
De amontoados
De corpos sem identidade,
Sem rosto,
Massas esfarrapadas
De indigentes
Que, enlouquecidos
De sofrimentos
Perderam a fé, a esperança,
E entregues à fome que mata,
Que enlouquece,
Que humilha
Comem restos de lixo,
Ou vivem da benevolência
De alguma alma caridosa
Que lhes dá alguns trocados,
Assim, desalentados,
Vão seguindo sua sina
Em trapos enrolados ,
Qual molambo
Dormindo como bichos
Pelos cantos jogados.
Se alguma autoridade os vê,
Faz ouvido de mouco -
Passa ao largo.
Um questionamento,
Impõe-se aos governantes:
Esses órfãos de auxilio
Do poder público,
São pessoas ou bichos?!