Pesar perto de minha amada: reino à beira (Edila)mar

Uma voz pergunta-me, distante:

- o que há para ti naquela rua,

naquele bairro?

E respondo:

Há para mim um ser que reparte-se,

reparte-me, um ser amado, meu ser,

há meu dia interrompido, flor de laranjeira

e seu espinho assasino do dia.

Era meu dia.

Havia meu dia, o grito de garganta rouca,

cortada, cicatrizada, em fogo, adagas que esfaquearam-me,

águas marinhas...

Hoje existe nada.

A pouca luz metálica cegou-me tanto que perdi-me,

agora estou perfurado por raízes venenosas,

cruzado, passando, a dor progride

afundando-me no mar mental,

não escrevo estas palavras, sonho-as,

estou noutro espaço:

sonhos trincados, realidade planejada, reino à beira-(Edila)mar...

estou em estado de pesar,

não descubram-me,

já estou descoberto,

o que falta é acordar.

Leandro Ferreira Braga
Enviado por Leandro Ferreira Braga em 29/10/2017
Código do texto: T6156333
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