Estação Solidão

Meu amor me deixou aqui

Nesta estação solidão.

Quem passa olha e sorri

E dá acenos c'oa mão.

Uns meneiam a cabeça

Achando que eu sou louco.

Mas não há quem me impeça

De esperar mais um pouco.

Alguém me deu um pão seco

Comi mas guardei um tico.

Pode ser que ela volte cedo

E venha cear aqui comigo.

No outro lado da calçada

As pessoas vão e vêm,

A estação está lotada,

Onde estará o meu bem?

Vou dormir nesta marquise,

Pra vigiar bem os trilhos.

Se ela chegar, me avise!

Quero entregar-lhe carinhos.

Os sonhos de um andarilho,

Em pouca coisa se estriba.

Só gostaria que os trilhos

Devolvessem minha amiga.

Que o apito da locomotiva,

Fosse uma valsa de núpcias.

O maquinista um escriba,

As curvas da linha, volúpias.

Os comboios seriam filhos,

Cada dormente projetos,

E o infinito dos trilhos,

Seriam netos e bisnetos.

Mas acordei tão sozinho.

Ouço um apito estridente,

Se for você amorzinho,

Venha que estou tão carente.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 21/12/2017
Reeditado em 18/03/2018
Código do texto: T6205083
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