O idealizado

Espera um minuto, preciso pegar um café.

Caro Homólogo!

Mas ouça...

O que era doce amargou-se,

Era quente, e frio está.

De tão forte, porém sem base, desmoronou-se.

E eu, que sou feito de nobrezas interiores

Me despedaço em caos de minha própria existência:

Eis que a aliança se desfaz,

Juntamente com um voto solene de fidelidade. E é aí que tu, caro Homólogo, se desprende de seu ideal.

Nada é para sempre, tudo é fictício!

E, enquanto tirava a roupa de outro corpo

Minh’alma se despia de todas as correntes

Que aprisionávamos num só corpo. Tudo se esvai. Esgota num viscoso punhal de tempo.

Quando finalmente... Ah... quando finalmente percebo a diferença

Entre dar a mão, e nos entrelaçar em alma.

Sim, o silêncio! Houve silêncio!

Seguido de choro, e mais choro...

É o fim.

Ou talvez, só o início.

Se nada é para sempre, por que a dor seria?!

Veja como guerras e guerras foram travadas dentro de mim

E milhares de sentimentos são mortos à sangue frio!

E enquanto a dor vence, meu devaneio é meu alívio.

Me afogo na frieza do meu próprio desprezo.

E eu que era feito de fogo, prefiro a solidão...

E quanto a tu, caro Homólogo, terás que se adaptar ou procurar um outro original.