Tatuagem removida a navalhadas

No deserto dos perdidos sentimentos

O que parecia amor era miragem

Apagaram-se todos bons momentos

Navalhadas rasgando a tatuagem

Um louco caminha, beira de estrada

Diz coisas estranhas. Ninguém entende

Com voz gutural urra para o nada

E o nada, invisível, o repreende

Se o amor vem pelos olhos: que eu me cegue!

Se vem pelos ouvidos: que ensurdeça!

Se vem pelo tato: nada me toque!

E se pela lembrança, que eu me esqueça!

De nascente borbulhante em pedras claras

Nasceu e agora morre esta quimera

Entre rimas preciosas e outras raras

Acostuma-te a lama que te espera!

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão -- esta pantera --

Foi tua companheira inseparável!"

Augusto dos Anjos