Hipoglicemia

Silêncios me gritam as decisões alheias.

Nesses silêncios sou obrigada a engolir meus gritos de dor.

Até onde poderei aguentar sufocar meu mundo em tão poucas palavras?

Onde poderei repousar meu corpo sem que me deixem marcas e arranhões?

Nem meus sonhos me transportam mais onde estão os meus desejos.

Meus olhos já não conseguem ver o colorido das flores ou o prata do luar. Está tudo embaçado.

O passado me chama à nostalgia de momentos felizes que não se repetirão e com isso vem uma espécie de “hipoglicemia” ao pensar num futuro não tão doce.

Algo em mim ainda tenta insistir em amar, mas meu cérebro já recusa de antemão, autopreservação. Está exausto de doer.

A cada anoitecer, o cansaço traz o peso de uma realidade nada prática, de mais um tempo, mais um dia... ou menos um.

Mas a cada amanhecer vem uma vontade e a esperança de tentar apenas mais uma vez.

De ser, de acontecer, de voltar a existir.