Borbulhos
Dorme em mim uma máquina geradora de pensamentos tortos
Vivos e prolíxos, tentam responder o espaço que sobra
De todo meio olhar que não sei bem que bolso guardar
Borbulha diurnamente e notivagamente
Abarrotando cada fresta que sobra de minha telha,
Até cospir todos cacos de possibidade transviada
Meio aos meus ouvidos pacatos
[Se acumulam no teto do quarto
Fazem um ruído estranho a noite
Feito giz que não quer deixar a lousa em paz]
Alimentada por travessas de sobras de coisas
que não cabem nem em proa nem popa do tempo
Tudo que pesa no agora para além do agora
Cada pecinha de fatorzinho do desequilíbrio diário.