Tempos Antigos

O vento me enlaça ao tocar a minha pele

Me mostrando os sentidos que perdi

O frio e o cheirinho da terra molhada

O ar puro e as folhas espalhadas

O cheirinho do café cuado

O barulho de chuva caindo ao telhado

Me faz imaginar cada gotícula

em passos sincronizados

Me faz sonhar com um futuro que desconheço

Mais que almejo ter pra mim

Em um mundo oscilatorio

E que não faz parte de mim

Porque não preenchem a minh'alma

Onde as pessoas estão vazias

E só se importam com si

Onde o amor ficou por último

Mais o status vem primeiro

Porque a aparência é o tudo

E esse tudo é o que se conquista primeiro

O mundo ficou invertido

já não sei o que aprender primeiro

Educar ficou difícil,

se relacionar no meu tempo ainda era por e-mail

E quem não o tinha dava um jeito

Pulava a cerca, caminhava léguas para dar um beijinho no portão, fazia de tudo para ver o cidadão

E quando chegava aquele papel bem embrulhado

Que percorriam meses para sua chegada

aquele cheirinho gostoso do papel amarelado

que ficava engavetado, era sempre bem embrulhado

Cheio de selos, contando histórias

De quem vive do outro lado.

Cada minuto do seu tempo era raro

Porque se dedicava a pessoas e não a coisas

Bem distante nos tornarmos

Desconhecidos que moram ao lado

Um bom dia ficou no eco

E já não temos quem mais responda

Sentar a mesa é um sacrifício

Onde os olhos estão voltados

Para o tempo que criaram

E perdidos eles ficaram

Neste mundo que criaram.

Ludmila Gloria
Enviado por Ludmila Gloria em 05/03/2019
Reeditado em 09/10/2019
Código do texto: T6589949
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