Tempos Antigos
O vento me enlaça ao tocar a minha pele
Me mostrando os sentidos que perdi
O frio e o cheirinho da terra molhada
O ar puro e as folhas espalhadas
O cheirinho do café cuado
O barulho de chuva caindo ao telhado
Me faz imaginar cada gotícula
em passos sincronizados
Me faz sonhar com um futuro que desconheço
Mais que almejo ter pra mim
Em um mundo oscilatorio
E que não faz parte de mim
Porque não preenchem a minh'alma
Onde as pessoas estão vazias
E só se importam com si
Onde o amor ficou por último
Mais o status vem primeiro
Porque a aparência é o tudo
E esse tudo é o que se conquista primeiro
O mundo ficou invertido
já não sei o que aprender primeiro
Educar ficou difícil,
se relacionar no meu tempo ainda era por e-mail
E quem não o tinha dava um jeito
Pulava a cerca, caminhava léguas para dar um beijinho no portão, fazia de tudo para ver o cidadão
E quando chegava aquele papel bem embrulhado
Que percorriam meses para sua chegada
aquele cheirinho gostoso do papel amarelado
que ficava engavetado, era sempre bem embrulhado
Cheio de selos, contando histórias
De quem vive do outro lado.
Cada minuto do seu tempo era raro
Porque se dedicava a pessoas e não a coisas
Bem distante nos tornarmos
Desconhecidos que moram ao lado
Um bom dia ficou no eco
E já não temos quem mais responda
Sentar a mesa é um sacrifício
Onde os olhos estão voltados
Para o tempo que criaram
E perdidos eles ficaram
Neste mundo que criaram.