Pedido do ego

vasculhei toda a gaveta

mergulhei pra longe

neguei todas tuas vontades

e tu, com toda sinceridade

me olhou sem maldade

pediu piedade

e eu repeti: não tá aqui!

tu fugiu

mais uma vez.

no recomeço do ciclo,

digo, do vício

surgiu de novo

fim do suplício!

te fiz de bobo

eu repeti: não tá aqui!

tu fugiu

mais uma vez

no último dia do mês,

foi meu freguês

- encontrou? insistiu tu

- não tá aqui!

difícil entender meu português?

tu fugiu

mais uma vez.

começo do ano,

mudança de plano:

- procura de novo?

assoprei a vela do bolo

dessa vez, o pedido foi meu

e tu fugiu.

sem volta, de vez.