Das vezes que tentei me obrigar a escrever sobre o amor
Às vezes eu tento escrever sobre o amor
mas não surgem ideias e nem adianta forçar
como vou escrever algo que não sai do meu interior?
não sou eu quem escolho o que minha alma vai gritar
E mesmo assistindo centenas de romances previsíveis
que me fazem todas as vezes desaguar rios em seus finais
não me inspiro pra falar das paixões, me são incompreensíveis
talvez por isso me atraio por essas histórias sentimentais
E ainda que eu escute canções que acendam essa paixão
cante suas letras e chore em cada linha composta
é artificial, insuficiente pra bombear o coração
não é paixão que nasce, é paixão imposta
Sei que o amor enche os rios secos
floresce os campos abandonados
abraça o silêncio com seus ecos
acende luzes de lugares antes apagados
Mas também sei que quando acaba ele cobra
e leva tudo como um furacão
só restando cuidar do que sobra
só restando esperar dias melhores que talvez virão
Dá mesma forma que o diabo corre da cruz, eu corro do amor
sempre digo: “não sou bom com finais, nem com despedidas”
o amado não fica pra sempre, em vida ou em morte ele irá se pôr
e mesmo tendo bons momentos, surgirão sangrentas feridas
Conheço a alma solitária, conheço a alma amada
já deixei o amor sair gritando, já enterrei o amor mudo
aprendi que o fim de tudo é tornar-se nada
e o nada é aquilo que compõe o tudo