Das vezes que tentei me obrigar a escrever sobre o amor

Às vezes eu tento escrever sobre o amor

mas não surgem ideias e nem adianta forçar

como vou escrever algo que não sai do meu interior?

não sou eu quem escolho o que minha alma vai gritar

E mesmo assistindo centenas de romances previsíveis

que me fazem todas as vezes desaguar rios em seus finais

não me inspiro pra falar das paixões, me são incompreensíveis

talvez por isso me atraio por essas histórias sentimentais

E ainda que eu escute canções que acendam essa paixão

cante suas letras e chore em cada linha composta

é artificial, insuficiente pra bombear o coração

não é paixão que nasce, é paixão imposta

Sei que o amor enche os rios secos

floresce os campos abandonados

abraça o silêncio com seus ecos

acende luzes de lugares antes apagados

Mas também sei que quando acaba ele cobra

e leva tudo como um furacão

só restando cuidar do que sobra

só restando esperar dias melhores que talvez virão

Dá mesma forma que o diabo corre da cruz, eu corro do amor

sempre digo: “não sou bom com finais, nem com despedidas”

o amado não fica pra sempre, em vida ou em morte ele irá se pôr

e mesmo tendo bons momentos, surgirão sangrentas feridas

Conheço a alma solitária, conheço a alma amada

já deixei o amor sair gritando, já enterrei o amor mudo

aprendi que o fim de tudo é tornar-se nada

e o nada é aquilo que compõe o tudo

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 04/04/2020
Reeditado em 04/04/2020
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