Não fosse… Você

Não foi o perfume.
Quisera ter sido a flor.
Não foi a brisa afável.
Quisera fosse, da vida, o condor.
Não foi a onda revolta.
Quisera fosse a mansidão do lago azul.
Não foi a procela violenta.
Quisera fosse a garoa, fria e lenta.
Não foi o olhar tristonho,
nem tampouco a boca calada.
Quisera que fosse, só no que componho,
a tristeza que viaja sem algures,
sem hora e tempo para ficar.
Não foi pelo adeus, nem tampouco pelo não.
Quisera fosse por minha saída
da vida, um grande logro.
Não foi pela lágrima,
nem ao menos por ser Botafogo.
Quisera fosse de alegria, o pranto,
quando a estrela brilha no céu e mais brilhasse no peito.
Não foi por ser errôneo ou certo,
nem pelos calos nas mãos
que limitam meu espaço na terra.
Também não foi pelo fato de ser ou não amado,
pela saudade extinta ou vinda.
Quisera que fosse por tão pouco.
Não foi pelo caso de ser ou ter,
seguir sem medir consequências,
sendo quase sempre um a mais irreverente.
Não, não foi pelo tanto dito,
nem pelo que lamento e escrevo.
Quisera fosse por coisas fúteis, banais.
Se foi, é porque eu queria ser mais,
muito mais, como você... Ser gente.