Linha de chegada
Não sou rochedo para que se segure em mim esperando passar a tormenta
Sou frágil, sou incapaz
Vivo às cegas e sigo à esmo nos momentos de infortúnio
Não sirvo de cicerone porque com frequência lanço-me ao abismo
Não quero ser a tábua de salvação de ninguém
Antes eu preciso ser salva
Minha ira e escárnio só camuflam o desespero de me saber totalmente à deriva
Quero ser levada, guiada, conduzida
E não me peça o contrário
Não posso com o seu peso
Por isso não saímos do lugar
Desça das minhas costas e dê seus primeiros passos
Para que eu possa finalmente subir nas suas
E assim termos alguma chance
De cruzar a linha de chegada