Vendado

Os papéis timbrados em branco na gaveta,

Restaram junto à tinta das cartas de amor na caneta.

Me despi das mágoas acumuladas por decepções,

Enxergando minha insensatez mesclada as suas reações.

Foi chegada a hora de dar um basta a isso tudo,

Por muito tempo vivi cego e por consequência, mudo.

Teu desamor, teu desafeto eu não enxergava,

Parecia feitiço, magia ou "coisa feita" - eu não relutava.

Entregava a ti todo meu amor, minha ternura

Fui estúpido, cada vez mais condescendente em tua usura.

Das minhas palavras lançadas a ti nunca deste ouvidos,

Até hoje não sei como pude, "vendado" ter sobrevivido.

Às minhas juras de amor você não se entregavas,

Via-te com olhos de retidão enquanto me enganavas.

Teu viver vazio e inconsequente se prendia ao luxo,

Enquanto eu, iludido, definhava no contrafluxo.

Nos teus sentimentos apostei alto demais,

Porém de contrapartida nunca obtive retorno, jamais.

Mas hoje acordei pra vida, vejo tudo diferente

Sei que serei amado ainda - a gente sente.

Como nunca fui nesta vida, irei procurar ser feliz

Encontrarei quem de verdade me queira - você nunca quis.

#GafanhotoNegro