Tecelã
A tecelã amou cada ponto que entrelaçou
E as enzimas de cada célula que cuspia
Sobre aqueles seus infinitos carretéis de linha
Que obedeciam o movimento de suas mãos
Desapegando-se de cada passada de fio
Que escorregava lentamente
Do fundo do balaio
Até a agulha que orquestrava sua travessia
Ela esculpia sua criatura flor
E se foragia da estampa
Que ela mesma tecia
Delineou sobre o tecido
Com a insensatez de suas mãos
Cada ilusão da sua vida
Até acabar toda a linha
Grazi Nervegna.