Feito nenhum

Feito areia.

Assim escorreu de minha mão o que era,

a ilusão mais longínqua, a quimera,

desprovendo a alma de todos os sentidos,

conduzindo às velas a audição dos ouvidos,

e empurrando o barco adentro em mar escuro.

Feito veia.

Saltou inflando o sangue naquela face,

e a ira foi demonstrada num desenlace,

quando palavras encheram o ar de heresia,

latejando na pele a dor que ali ardia,

e fez daquele navegar algo inseguro.

Feito seia.

Serviu-se em cada prato o desagrado,

e o dissabor que estava à mesa, insuflado,

não era o mesmo que parecia perecer

e degustou-se o que estava a corroer

na escassez de um cardápio obscuro.

Feito doença, sem cura.

Feito amor, sem futuro.

WINDHUK
Enviado por WINDHUK em 03/04/2023
Reeditado em 03/04/2023
Código do texto: T7755653
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