Neve

Se a neve caísse como lágrimas,

quanto tempo levaria para me congelar?

Quando a dor se estabelece,

como fazê-la anestesiar sem medicação?

Talvez essa passagem seja só um teste,

algo sem respostas certas, apenas erros a marcar,

Somos afinal tão tolos nesse jogo,

não se ganha, só se perde tempo e amor,

para onde estamos indo afinal nessa brincadeira,

quando o desamor é somente mais um peão,

uma peça no tabuleiro de ilusões e decepções,

quantos grãos de areia ainda restam na ampulheta?

Não quero ser um refém eterno de suas memórias,

tempos de insolúveis decisões e esquivas ações,

não sei porque se perdestes tanto em sua encenação,

porque me deixastes rodopiando sem uma direção,

procurando por uma saída desse labirinto fantasma,

como seu coração pode ser tão duro com os sentimentos?

E todos os dias você veste uma persona de um drama irreal,

finge sorrisos em fotografias plastificadas em redes sociais,

finge uma solidão artificial que você mesma construiu para si,

com qual finalidade jogas esses dados viciados em cada esquina?

Esperas resultados diferentes com jogadas costumeiras, colega?

Eu só queria te apagar do meu processador, passar um corretivo,

deletar sua existência dolorosa em meus rastros cibernéticos ,

porque não há sentido em palavras vãs para ouvidos surdos,

não há razões para mentes delirantes em fanatismos religiosos,

não há justificativas possíveis para covardias não assumidas,

por isso, apenas desapareça como fazem as assombrações,

apenas desapareça como faz o passado que não subsiste mais,

apenas desapareça como fazem os fogos depois de explodirem,

apenas desapareça para que eu siga com minha vida remendada...