DONA DA MINHA VALSA

DONA DA MINHA VALSA

Gostas de seguir-me a cada movimento.

Amas quando tens o ensejo de te apossar dos meus pensamen-tos.

Excitas-te ao sentir o pulsar hercúleo e edace da tristeza.

Tristeza em que dolorosamente sirvo de alfobre.

Teu alfobre. Tua vivenda!

Tu, sempre a fechares todas as gretas de alacridade

Que abro.

Tu, sempre a salpicares meu peito de desventuras,

Enxovalhado-o de mágoas, oceano de amarguras.

Tu, sempre a pores limitações em meus ideais,

Onirofágico relicário de meus mais caros sonhos.

Tu, sempre a quereres que siga um caudaloso rio soturno.

Tu, sempre a fazeres de mim teu manipanso.

Tu, sempre a rainha magna da possessão.

Tu, sim. És tu mesmo: sicária conseqüência da sonhada

Felicidade vã!

Na verdade, queres me botar na valsa...

Na verdade, me impões a valsa...

Na verdade, me fazes dançar contigo a valsa...

Na verdade, em mim, és a própria valsa. Enfim, tu, solidão, és A Minha própria valsa diária

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA