Poetas não Choram
Apenas sobre a vida divaga quem um pouco viveu...
E falam sobre o amor, quem uma vez ou várias este perdeu.
Eles escrevem e murmuram sobre a paixão que arrebatou e os tirou do chão.
Assim falam os poetas...
Alguns contemplam a tórrida paixão presente sendo vivida, enquanto outros
lacrimejam seus sonetos, desmazelados, tristes pela perda das promessas
que agora vagas não completam suas páginas.
É, apenas quem viveu tristes e sombrios dias sem luz pode dizer da realidade cruel que é sentir a penumbra do adeus que reflete na ausência de quem ainda se faz presente na memória..
Enquanto as lembranças pairam no ar calado, o que fazer com o que resta? Com a ultima gota de perfume? Com a ultima lágrima derramada? Com o ultimo ponto aberto...
E nisso nos encontramos, poetas, nessa indagação intermitente, que sofremos pelo caminho. Voar para onde o vento corre ou sofrer sem destino?
Meras dores, por tão fúteis amores.
Alguns falam que a pior saudade é aquela do ainda não se viveu, e da terrível expectativa de que um dia possa chegar a ser...ou não.
Só quem vive o bastante para sofrer entende as confissões de quem amou e ainda ama.
Mas amor por si só é vago e tão próximo do desprezo.
Enquanto despejamos o amor no outro, esvaziamos o amor próprio.
Poetas seguem o caminho sem ignorar os passos.
Então por isso já não choramos; Temos raiva mais do que pena. Por isso poetas não choram.
Não choram mais.