Não quero mais

Não quero mais sorrisos gratuitos, sequer um bom dia ou boa noite reluzindo elogios. Não preciso da epístola que ensina meu mal ou bem querer, muito menos uma mão tímida para me acolher. Não quero um dia especial para me lembrar de alguém, mas também não me interessa momentos que vivi feliz e no fim... nada enfim!

Não me basta um colo sem consolo, um corpo sem tesão, nem mesmo uma boca sem meias palavras de amor e ilusão. Não quero ser paciente com os sentimentos de ninguém, se sou voluntária por amor, quero que me amem assim também.

Não quero acreditar na fidelidade de quem me admira, não quero reciclar verdades e mentiras de aquém, não quero mais como estátua pousar meu bel prazer aos olhos daqueles que enxergam luxúria. Não quero a lápide de bela sem mármore cravado de dignidade.

Não quero me arrepender por tudo ou nada, mas me arrependo de dizer e não ser. Não quero tudo aquilo que perdi por medo e nada daquilo que ganhei por falta de respeito. Não quero sofrer pela deliberada justiça dos homens, então por favor me esqueçam.

Não quero assumir a culpa de tudo o que acabei de descrever. Acabei de sofrer e o que mais quero está em lapso, em gozo de muitas debilitações. Só não quero que todos os meus dias morram acreditando no sacrifício da dúvida ou na fé cega da certeza ainda leiga.

No fim das contas com a vida, terei uma cova só minha, serei pó para o tempo e poeira em muitos pensamentos. No fim de tudo, só posso querer um lugar que caiba amor e para os diabos a descrença com sua presunção de morte ou a eternidade com seu falso paraíso, porque o que é verdade e está além da realidade, simplesmente corre livre em minhas veias, em vida e puro viço...