Maria Redenção Silva

Do descumunal peso do tempo,

certamente não irá se poupar

E das canções caladas pelos vendavais de seus anseios póstumos,

não poderá se libertar

Toda estrada petrificada,

onde rogou o ver chegar

As paixões que recriou

Rostos de infantos sonhos

De todas as bocas que tocou

(rouge batom desconfigurado)

Restou toda a escuridão onde o beijo a vácuo a afundou

E toda vez que, ao espelho, se inventou

Ficou o abraço anônimo, sem bom sentimento ou dor

Tornou-se as meras desculpas que forjou

Inabitável no terreno do amor

Mentiu-se que não era aquela face com a qual sonhou

De toda ferida que em si causou

Em seu nome, vai cantar regresso

E como o homem que sonhar...

Na manhã em que o sol brilhar

A mentira - abre-alas da verdade- há de apagar todo o desejo que ela possui pelo fato de

o amar.

Chana de Moura
Enviado por Chana de Moura em 14/07/2008
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