Vazio de Tudo
Ele que tinha um ar de quem havia
Encontrado um pote d’ouro no final do arco-íris...
Ele que exibia o peito inflado,
Queixo erguido, olhos altivos e brilhantes...
Ele que tinha o rei na barriga...
Ele que parecia intransponível...
Ele que vinha cheio de novidades pra contar
Para todos que cruzavam o seu caminho...
Agora, só vive do passado;
Agora, parece transpassado;
Agora, acabou o seu reinado;
Agora o seu peito está pesado,
Vazio de tudo o mais...
Ele que tinha os sonhos impossíveis,
Que piscavam como luzes no fim de um túnel...
Ele que não achava mal nenhum se o sol se fosse
Num dia de feriado...
Ele que não tinha inveja de ninguém...
Ele que trazia o riso frouxo...
Ele que vinha cheio de flores nas mãos,
Palavras-doces e suspiros pra ofertar...
Agora, acabou-se o que era doce;
Agora, seu riso amarelou-se;
Já não vê mais graça nos romances,
E traz um olhar meio distante,
Vazio de tudo o mais...
14 de Fevereiro de 2006