Confissões de bar

Confissões de bar

Sentado defronte aos meus devaneios

mergulho em infindáveis oceanos

de ócio,álcool, fumaça e paixão.

Escrevo minha vida em folhas soltas,

em guardanapos rotos, em rostos outros,

em tantos cantos, cantos tantos e tantos...

Minha caneta se reabastece nos prantos

dos bêbados, notívagos, prostitutas,

guardadores de carro, vigias, porteiros,

marginais, boêmios, perdidos, carentes.

Escrevo meus versos nos papéis catados

nos bares, nas casas, nos parques, cemitérios,

presídios, prostíbulos, teatros;

e continuo minhas linhas

nas almas, corações, rostos, olhos,

sorrisos, estômagos, âmagos, entranhas,

veias, artérias e corpos e corpos e corpos...

E escrevo a vida, os sonhos, delírios,

vícios, ilusões, tristezas, alegrias,

falsidades, atrocidades, paixões,

razões, realidades, delícias, tesões.

Sou poeta, lúcido, louco, puto,

bêbado, boêmio, miserável, pobre.

Enfim, sou mendigo das emoções,

carente que sou.

Mauro Gouvêa