Vi um amor partindo
No vento frio da madrugada
Vi um cachorro dormindo
Faminto, resignado, na calçada
 
Vi os sonhos enrolados
 Nas costas de um mendigo

Em seus passos lentos

Cruzando a velha estrada
 
Vi os passos trôpegos
De uma velha doente

Carregando as dores 
Da lida, cansada
 
Vi um sorriso sem dentes

De um  inocente
Desafiando a tristeza
Na tarde acizentada
 
Vi palavras vazias e tristes
Escritas na parede suja

Em meios às sujeiras
Que não me diziam nada
 
Eram palavras simples
Clamando um amor que partiu

Na curva de uma estrada
 
Mas eram palavras de amor
Palavras de amor, não mudam o mundo
todavia, são melhores que nada
 
Vi uma faísca de emoção
Na moça que lia um livro
Na praça desabitada
 
Vi campos vazios
Vi lixo nos becos
Vi o talo da planta

Uma flor, fora arrancada

Vi na rua tanta gente com pressa
Gente gastando a vida

Gente confusa,
Gente não amada!
 
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 01/09/2008
Reeditado em 27/08/2017
Código do texto: T1156477
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