ILUSÃO...
Aninhado que estava nas asas da paixão
Do alto, não via que era pura ilusão,
A planície de relvas, de mel e de pão,
Que o aceno do amor aos meus pés colocava.
Parecia que um céu de querubins encarnados
Com véus transparentes e adornos dourados
Em bandeja de prata me trouxessem recados
Que jamais meu castelo desmoronaria.
Sem julgar ser possível um destino errante
Desafiado, poderia apostar confiante,
Que o sentimento nutrido, verdadeiro gigante,
Seguiria altaneiro, não sucumbiria.
No horizonte distante de esquecidas memórias
Tempestade de areia misturada a escórias
Desvelou as planícies, só miragens e estórias,
Já não mais existia a exuberância de então.
Em meio à incerteza que a intriga produz,
Confiar já não o verbo que agora seduz,
O que era glória e louros agora é cruz,
O gigante, ferido de morte, não vê mais vitórias.
Como no Livro dos Livros está escrito e eu li,
Derrotado o gigante confiante em si,
Por uma funda certeira nas mãos de David.
Desenlace profético libertário de um povo.
A arma certeira de rudimentar aparência
Mesmo sendo pequena é mortal na essência
A fidelidade rompida se tomada ciência,
É fatal companheira e ao desencanto conduz.
Poderia escrever essa história outra vez,
De um gigante confiante por insensatez,
Da razão antes viva só restou morbidez
Pela vítima de agora o que peço é clemência!
Em Julho de 2007