O QUE RESTOU

Magra cadela!
Desdentada,
Deitada num canto qualquer,
Sente-se inútil ante o osso,
Pesa-lhe a coleira no pescoço.

Pobre mulher!
Desencantada,
Lágrima calada,
Vida incerta,
Na janela aberta,
Para o cinza da estrada,
Com as mãos sobre as cãs.

Nada espera da primavera.
Nada espera do amanhã.

Amor? Não passou,
De um momento precoce,
Turbulenta posse,
Um desejo fálico,
Metálico,
Não tocou o seu coração.

O que restou?
Desilusão.