NA OUTRA MARGEM - 17

nunca mais teus olhos de arco-íris.

nunca mais teu vôo de cisne. nunca mais...

nenhuma palavra tua: uma única vez.

e agora quem és tu, não sei mais.

foste a primeira

e não serias a última nem única

Visão Fatal,

Estrela Fulgidia,

que sangra e sara.

esqueceste de mim?

das minhas taras

e comfusões?

tenho o peito em dúvida

com a vida

que me tem em curva.

seria falso falar de fuga?

mas e o medo,

onde fica?

no fundo de um copo de vodka!

sou presa fácil às palavras

e olhares;

e esta é tua dica...

penetram o meu esconderijo,

retiram o meu capuz...

mas volto rijo

e depois escarro pus

em teus mamilos

para nunca mais me amares.

mas, à noite, adormeço

dentro de ti,

como pródigo

e incestuoso filho.

Christopher Marlowe
Enviado por Christopher Marlowe em 06/10/2008
Código do texto: T1214303
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