NA OUTRA MARGEM - 17
nunca mais teus olhos de arco-íris.
nunca mais teu vôo de cisne. nunca mais...
nenhuma palavra tua: uma única vez.
e agora quem és tu, não sei mais.
foste a primeira
e não serias a última nem única
Visão Fatal,
Estrela Fulgidia,
que sangra e sara.
esqueceste de mim?
das minhas taras
e comfusões?
tenho o peito em dúvida
com a vida
que me tem em curva.
seria falso falar de fuga?
mas e o medo,
onde fica?
no fundo de um copo de vodka!
sou presa fácil às palavras
e olhares;
e esta é tua dica...
penetram o meu esconderijo,
retiram o meu capuz...
mas volto rijo
e depois escarro pus
em teus mamilos
para nunca mais me amares.
mas, à noite, adormeço
dentro de ti,
como pródigo
e incestuoso filho.