Meu coração: árido deserto

Meu coração, árido deserto

Mesmo ciente de sua paz findar

Quis no mar do teu peito mergulhar.

Exaurido e ressecado

Queria somente um agrado

E num cansado suspiro

Resignou-se, ferido

À sorte que para si lançou

Essa secura imensa

Causou tal lamentação

Que como cruel doença

Arribou sem consideração.

Parece que está até

Querendo sair ferido

E, duvidando, sem fé

Ele te segue, o bandido

Seu coração, que é loucura

Mar bravio, furacão

Tomou o meu, sem brandura

Subjugando minha emoção.

Bato a porta da razão

Pedindo asilo, abrigo

Porque ao amar demais, eu lamento

Equivocada de paixão

Cansei de ser só sentimento.