Grande

Ah! Como eu sou grande, Meu Deus!

Meus poderes são magistrais

Os poderosos são meus micos

E os ricos os meus serviçais.

Deste orbe sou a mais bela flor

O inerme clamor do luar.

Sou o místico ar que tu respiras

As liras que estás a tocar.

Hoje sou as colinas caladas.

Eu sou as espadas eloqüentes.

As meretrizes sem censuras

As virgens puras e inocentes.

Sou o grito estridente que ecoa

E frouxo voa sem direção.

Letra das canções natalinas

As lamparinas do sertão.

E também os sonhos mais belos

Os violoncelos pensativos.

A vida dos mortos sem sorte

E até a morte dos inda vivos.

Porém, quero ser mais aceso

Estou preso nessa cadeia.

Quero sair, ser grande sim.

Grande, enfim, como um grão de areia.