Minha guerra interna
Em mil batalhas lutei
Meu sangue já derramei
Perdi paz, luz e razão
Sufoquei em ânsia meu coração
Armadilhas e trincheiras armei
Planos e intrigas montei
Perdi fé, amigo e irmão
Destruí sem porém minha ilusão
O fio da minha espada
Transpassou carne ultrajada
De quem sobrepôs em meu caminho:
Na guerra, o homem é sozinho
Hoje vivo cansado
Amo e não sou amado
Por dar provas de destruição
A um outro coração.
Por razão que hoje entendo
Passo os dias sofrendo
Por saber que desse caminho não há volta
Trago angustia e revolta:
Foi o troco da guerra vil
Que lutei anos a fio.
Queria um dia, uma vez
Deitar a cabeça e , talvez
Esquecer a batalha dura
Fazer nova lei, uma cura
Para minh'alma doente
De que vale ser valente
Se o coração hoje chora
A alma lamenta a hora
A lágrima cai sem demora?
De que vale ser mordaz
Se hoje o mundo só pede paz
E a beleza que ela traz?
Mudo eu e meu tormento
Não quero ser mais um alguém
Que luta por causa vã
Que esbraveja em afã...
Quero esperança terna
E por irmã, compaixão eterna.