A VOLTA NÃO EXISTE

A VOLTA NÃO EXISTE

Josa Jásper

Quase não vi meus olhos tristes nos espelhos!...

Se alguém os viu assim, chorosos e vermelhos,

Pegou-me, então, em raro instante de fraqueza.

Do que passei, se algo guardei, valeu a pena!

Hoje eu bem sei que, a cada drama que a alma encena,

Uma lição lhe corresponde, com certeza!

Se já lutei e não venci, não desespero.

Se o meu sucesso não me flui donde eu o espero,

Tento fazer, do meu problema, a solução.

Se já não há o que fazer, então não faço:

Descanso a mente e com presteza me refaço,

Considerando que valeu minha intenção!

Mesmo que eu sinta que os recursos são precários,

Enfrento as crises e os conflitos temporários

Com que, na vida, todos nós nos deparamos.

As soluções podem ser muito diferentes:

Talvez suscitem, do combate, novas frentes...

Crescemos nelas, quanto mais nos empenhamos.

Quem mais venceu mais chances tem de ter vitória

E, na verdade, não existe luta inglória

Pra quem combate, acompanhado da razão.

Não sendo omisso é que eu me sinto sempre forte!

A perfeição existe, além da própria morte,

E é bem melhor morrer do que viver em vão.

Corrijo, no presente, as falhas do passado

E torno sempre meu futuro mais honrado:

Transformo o que já foi na bênção que será.

E, por saber que, em prol do bem, fiz o que pude,

Feliz contemplo, a cada dia, mais virtude,

Tendo certeza que o amanhã me sorrirá.

Não tenho traumas no meu rastro luminoso

Faço da vida o meu encontro proveitoso

Com todo aquele que, na dor, já perde a calma.

Nem sempre os homens se levantam de um tropeço!...

Urge mostrar que existe sempre um recomeço

Que transparece à luz da fé que esmaga o trauma.

A gente cria os riscos... monta as armadilhas...

O poço onde se cai... as sórdidas guerrilhas

Em que só há desgaste... sem vitória alguma!

Por isso, nesta vida, eu ando com cuidado,

Seguindo, a contragosto, em campo já minado,

Quem sabe, até por mim, por menos que eu assuma!

Mas busco a perfeição, sem trégua, noite e dia

E, quando a luz de Deus mais plena me alumia,

Eu saio a desarmar as minas que eu armei.

Assim, me certifico que eu não vivo a esmo

E volto a reluzir, feliz comigo mesmo,

Amando aos que, no fundo, eu nunca detestei!

Afortunado eu vou, por onde quer que eu ande

E, sem ostentação, até me sinto grande,

Dotado de um poder que as forças me renova:

Poder que não é meu, que eu sei que vem lá do Alto,

Que alenta o meu viver, me torna sábio e cauto,

Instrui-me, repreende... e diz quando me aprova.

Pois Deus já me ensinou – escuta o que te digo –

Que quem pratica o bem o tem por grande amigo!

O ímpio não tem paz. O mal é sempre triste!

Se aqui queres ser bom, que sejas bom agora!

Do corpo que hoje tens serás mandato embora!

Sem chances. Sem retorno. A volta não existe!