A VÍTIMA E AS PRÓXIMAS VÍTIMAS

Um tomou a pena, molhou-a no sangue

da vítima estirada no asfalto

e escreveu a palavra vida...

Não devia ter escrito morte?

Outro pegou o pincel, umedeceu-o

no sangue da vítima

e escreveu a palavra céu.

Podia ter escrito inferno!

Outro olhou o dedo, meteu-o

no sangue da vítima

e escreveu a palavra amor.

Mas o coração sangrava... ódio...

Outro agarrou a vassoura e,

antes de varrer o sangue da vítima,

parou um pouco, a pensar...

Um grito saltou goela afora:

— Por quêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêê?

Este ansiava apalpar o sentido da existência...

Não teve resposta.

Deu as costas e saiu roendo as unhas

a passos bobos e olhar congelado...

Foi apenas mais um caso;

outros darão curso a essa falta de lógica a que chamamos vida.

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 19/01/2009
Código do texto: T1392323
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.