CANÇÃO DO ASILO
Minha terra tem Palmeiras?
Onde canta o Sabiá?
Onde canta a Arara Azul?
Onde foi a Juriti?
Cadê o ninho do Nambu?
Entre as cinzas do que era,
ai, meu Deus, hoje, quem dera
enxergar o Céu Azul!
A Pintada já não pinta,
o Pescado se fez morto;
mortos Rios, Lagos, Mares,
minha Sombra, meu Verdor,
minha Flora tão amada...
Minha Madeira de Lei,
onde está, que já não sei,
se sem lei foi derrubada?!
Notei que um Sabiá,
uma Pintada e um Peixe
passaram c’um balde d’água,
uma palmeira e um feixe
de árvores e de flores,
e foram-se pr’outra parte;
eu acho que foi pra Marte...
Eu acho que sentem dores.