Pecados Mortais

Avisem-me se eu estiver errado

Avisem se eu tiver surtado

Avisem se não entendi

Me prendam longe daqui

Se me julgarem mal

Se eu for irracional...

Sou um ser humano normal

Nunca persegui ninguém

Nem tampouco me rendo a invejas

Não sofro de obsessão

Nem procuro o passado às cegas

Não me rasgo ou debulho em pranto

Prefiro ouvir do pássaro o canto

Não relembro uma eventual promessa

Por favor, não me venha com essa.

Só desejo seguir em frente

Numa vida que é desapego

Só quero viver mais contente

Sem ter que dar ou pedir arrego

Quero uma vida onde reine a paz

Com momentos de luz e sossego

Que os ódios fiquem pra trás

E eu dê a quem merece chamego

Mas tudo isso se inviabiliza,

Se a tristeza de uma alma reprisa

Momentos ruins e uma falsidade vil

Mandarei à putaquepariu?

Não adiantou

Pedirei que desça ao inferno?

Não adiantou

Denunciarei a loucura infantil?

Não adiantou

Mostrarei um desprezo eterno?

Adiantará?

Espero que sim.

Que deixe de existir

O fantasma que me atormenta

Que deixe de assombrar

A essa casa, que cansada tenta

Esquecer que um dia existiu

Alguém tão jovem e tão senil

Capaz de crime e teatro

De mentira e aparato

Capaz de inventar e perseguir

De assediar e de iludir

E o que é mais hediondo

O que é do demônio exemplar:

Usando o nome santo do amor

Para seus erros justificar.