Poesias Medicinais

Ah! Acabei de morrer.

Propuseram uma autópsia.

Abriram meu peito – rígido -

e sangue de desilusão escorreu...

No meu coração encontraram vestígios de lágrimas.

E uma pulsante esperança arredia de amar.

Em meu cérebro pensamentos pensados, pesados e cansados

De pensar tanto e tanto pra nada...

Retiraram minhas retinas,

Que tanto se perderam em paisagens amorosas

Que desfilaram feitas top-models deleitando meu olhar

E depois o afogando em fel.

Abriram meu estômago,

Transbordava poesia.

Ah! Quanta poesia em digestão.

Essas sim, enquanto vivo era, eram meus remédios: poesias medicinais.

E os doutores concluíram:

- Causa mortis: overdose de poesia.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 13/03/2009
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