NO MEU COMPASSO
 
Vou aparar minhas arestas
Pegar o pouco que me resta
E sumir – cair na estrada.
 
Troque as trancas dessa porta
Na verdade – nem me importa
Entrei muda – saio calada!
 
O meu livro de cabeceira
Eu levarei na algibeira
Para terminar a leitura.
 
Foi meu companheiro fiel
Das noites de espera cruel
Na interminável clausura!
 
Um dos brincos que eu esqueci
Na cama, ao lado onde dormi
Pode jogar fora – não guarde.
 
O outro, eu dei destino igual
Não tem valor, é de metal
E vai enferrujar, mais tarde.
 
Que fique com a sua história
Mal acabada, na memória
Onde eu nunca tive espaço.
 
Ninguém me dita ordens agora
Sou eu quem faz a minha hora
Seguindo o tom do meu compasso.