A Força da Angústia
Então, eu senti na atmosfera o frio,
presente como tudo que havia ao redor.
Na janela olhar as estrelas já não bastava,
fumar não satisfazia, o peito era
só um aperto que sufocava e corroía,
na garganta um grito, preso,
amarrado nas cordas vocais que apesar de sensíveis segurava,
senão explodiria em choro, em grito,
como o grito de terror que assusta e não alivia.
Chorar era tão difícil quanto gerar um filho,
correr era não ter como parar,
amar seria mentir sempre e não chegar a lugar algum.
A força que se tem na angústia e tal qual a de um soldado, um índio, um animal
a beira do combate, a vontade de lutar, sangrar, abater, matar e não morrer
e gritar em voz estrangulada que é rei, é tudo, é deus e por dentro sentir que
é nada, somente a sensação de que morreu.