A Força da Angústia

Então, eu senti na atmosfera o frio,

presente como tudo que havia ao redor.

Na janela olhar as estrelas já não bastava,

fumar não satisfazia, o peito era

só um aperto que sufocava e corroía,

na garganta um grito, preso,

amarrado nas cordas vocais que apesar de sensíveis segurava,

senão explodiria em choro, em grito,

como o grito de terror que assusta e não alivia.

Chorar era tão difícil quanto gerar um filho,

correr era não ter como parar,

amar seria mentir sempre e não chegar a lugar algum.

A força que se tem na angústia e tal qual a de um soldado, um índio, um animal

a beira do combate, a vontade de lutar, sangrar, abater, matar e não morrer

e gritar em voz estrangulada que é rei, é tudo, é deus e por dentro sentir que

é nada, somente a sensação de que morreu.

Fernando Albuquerque
Enviado por Fernando Albuquerque em 07/06/2009
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