O suicídio de dona Esperança
Hoje eu dei espaço a minha paz
Eu não queria, mas pensei em você
Eu me lembrei de tudo
Mas foi tão pouco
Eu lembrei que foi bom.
Sempre que se passa o tempo,
Injusto é o medo
As voltas de nossa vida
Tanta ilusão nos traz
Eu morro em silêncio
Ou só me vou em segredo
O peito leva as mágoas
E eu deixo para lá
Morrem milhares todos os dias
E eu nem estou feliz por aqui estar
Estou morrendo sempre aos poucos
Para ninguém se importar
Voar para longe
Cair aos poucos sem voar
Os pesadelos, os medos
Dona esperança vai se matar
Tive pretestos
Tive meu tempo, minhas horas
Eu traduzi dor em textos
E aguardo por melhoras
Você não reage
Pensamento tolo
Se entrague então ao que pensa ser melhor
Fica por perto, não complica tanto
E vai me reconhecer quando eu surgir do pó
Então chorei e vi a rua
Havia homens, mulheres e uma crinça
A dor tão minha fingiu ser sua
Era o suicídio de dona Esperança.