Fardo.

Sinto o toque das suas mãos como chibatadas de açoite

e o veneno negro e tosco do seu impiedoso olhar.

Seu corpo eleva saltos dançantes, a flutuar,

em perfeita companhia dessa embriagada noite.

O escandaloso decote que faz transparecer semi nus,

Seus redondos, perfeitos, alvos e fartos seios,

provocando-me ousados desejos e anseios,

de toca-los, excitantes, ao som d'um blues.

Um copo na mão, bebendo o sumo amargo,

inclinado ao seu colo, tudo em volta a rodar,

juntei minha boca a sua pra depois guardar

Dormindo, a sofrência desse pesado fardo.

Mas, quando acordar desse tenebroso pesadelo,

na lucidez, afável e leve, como uma pena,

desatarei então, essa inconcebível tristeza e plena,

aliviado assim, do incomodado desespero.