Da tua frieza

Percebi que dormias

e que a tua dor,

a dor que engolias,

não era a dor da tristeza:

era a dor da frieza.

Da frieza que os ossos corroem,

da vingança que teus olhos saltam

e atropelam a tua voz.

Sim, a tua voz é fria,

é pérfida e extenuante,

uma fagulha ante o carvão.

Como existes, como vives?

Isolado, sem compaixão?

Sem te abalares,

procuras disfarçar

teus horrores, teus espasmos guardados,

o que ainda resta

que não seja torpor.

Vacilas... impreciso,

desvias-te do destino...

Chegas às madrugadas

vazio, deprimente

- estado de vileza e insanidade.

Não respondes aos chamados.

Vais errante sem ser notado.

São Paulo, 17 de julho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 20/08/2009
Código do texto: T1764566
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.