PELO SINAL DA CRUZ

Pelo sinal da cruz o calvário respinga saudade em meus olhos

Saudade de quando eu era liberdade na pequena aurora de verões desconhecidos

Um tempo em que sonhar era mais do que construir tolos castelos de cristais

E hoje me perco em um pôr do sol sem fim abraçando ruínas...

Naquele tempo minha infância respirava ilusões de contos de fadas

E um final feliz em um paraíso idealizado marcava cada passo que eu dava

E eu acreditava em um mundo perfeito, ao lado do meu grande amor, na família perfeita.

A felicidade rimava com realidade nos meus sonhos, hoje não me reconheço no espelho!

Meus sonhos se foram deixando renúncias e privações que açoitaram minha alma

E ter que dizer adeus a um sonho é como caminhar por entre estradas de espinhos

E é muito difícil atuar como palhaço em um palco que sangra lágrimas de dores intermináveis

Pássaros feridos perdem as asas e apenas não podem sobreviver de metades...

Às vezes as ciladas da vida são tão sutis que quando nos damos conta o pesadelo nos abraça

E alguém surge do nada como a pedra da calçada que eu sentei e chorei

Tendo nos olhos agrilhoes que me prendem enlouquecidamente, acorrentando o bom senso.

Contento-me com suas migalhas, seus olhos torturam meu sofrimento e padeço.

Meu medo se torna desespero quando tento em vão lhe esquecer

Esse amor insano é tão puro e verdadeiro que quando vejo seus olhos entendo estrelas!

Vejo conto de fadas, eternidade, desejo lhe amar a vida inteira.

Desejo aquela liberdade que um dia deixei partir com meus sonhos.

Ah! Correntes que me maltratam, meu coração dói e penso em ti o tempo todo.

Quando lhe vejo me torno pranto diante do abismo impossível da loucura de jamais lhe ter.

O mais sensato é me afastar de ti, mas esse pensamento arranca pedaços e profundos ais...

Dentro de mim algo geme, chama baixinho seu nome, para tentar sobreviver nesse calvário.

Pelo sinal da cruz eu peço que a dor não me faça perder a sanidade...

Que não leve embora a última ilusão de sobreviver das migalhas de meus sonhos quebrantados e perdidos.

Diante das estrelas o peso da cruz deixa feridas amostras, deixe-me dizer adeus!

Meu coração não suporta lhe perder, por isso temo o amanhã. É assim que vive os tolos que acreditam no amor, tem como desfecho padecer...

Daniela Moura Rocha de Souza
Enviado por Daniela Moura Rocha de Souza em 19/06/2006
Reeditado em 14/10/2010
Código do texto: T178554