Do que restou

lá se vai o trem veloz da nossa estória
nas trilhas que o tempo percorre

o imprevisível visita o velho e inerte
banco da praça com seu ar de vitória
onde a vida corre e escorre

cavalgo no dorso selado da imaginação
lembranças emergem com a avidez
de lençóis freáticos , supernova em clarão
candelabro dos retalhos rotos que vivemos
sobra de sonhos enigmáticos que tivemos

em solo movediço e arenoso
desejos mil edificamos 
nos contemplamos protagonistas
de uma lívida estória
onde sentimentos encenamos

na esteira das palavras impensadas
tantas deslocaram-se desalinhadas
de forma alucinada  tresloucada
remorso das palavras cuspidas (mal)ditas
ou das que algemadas, não foram ditas

exílio do amor
agora, restam apenas
o banco da praça
a lua garbosa no céu
testemunhas fiéis
do que restou
do que hoje
está lançado ao léu


*
imagem do Google- sem informação de autoria

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Úrsula Avner
Enviado por Úrsula Avner em 02/11/2009
Reeditado em 02/11/2009
Código do texto: T1901254
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