VÔO


No abstrato dos sonhos,
esqueci a realidade,
penetrei num mundo sem fronteiras,
onde pensei tudo ser claridade.

Mas, o vento bateu em minha porta
e tive que encarar a derrota.
Deparei com uma barreira
de puro concreto
e nos reversos, o inverso...

Vida sem carinhos,
descaminhos...
Dias sem ilusões e afetos.
Qual pássaro ferido
fugindo da escuridão,
flano pelos ares
silencio o grito latente
de adeuses tão presentes.

Cerro o olhar,
deixo a lágrima brilhar,
cristalizando a solidão
e lavando a alma
na ferida da despedida.

Em tempos de idas,
escondo-me entre brumas,
desfolho pétalas de saudades
e salpico ao vento,
tentando aliviar o sofrimento.

Voei...
Num vôo tão alto,
que acabei perdida...
Bem distante desse frio asfalto!

05/10/2006
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 04/11/2009
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