SILÊNCIOS MORTAIS

Pensei ser eterno, que nunca acabaria,
mas enfim descobri tarde demais
que nem deveria ter existido...
Cedo demais para morrer a estesia,
tarde demais para encontrar a paz
e restaurar o momento partido...

Perdi o tempo úmido da lágrima,
engoli o riso seco da hipocrisia.
Falseou a harmonia no peito
e a solidão irônica ria, ria
do sonho, que adormeceu desgastado
de tanto tentar refazer o desfeito.

Acordei da letargia, tudo era poeira
que à mente envolvia, superficialmente
e o coração consentia na mentira,
covardia... Medo do nada, do tudo...
Da saudade que se esgueirava
deixando a alma presa no escuro.

A flor do amor secou antes de mim...
Iludida, nem notei os tantos sinais:
Raiz ressequida, galhos contorcidos,
folhas sem viço, estações sempre outonais,
um retrato em preto e branco do fim...
Corpos amantes tornam-se deconhecidos
e o olhar rasga a pele, em silêncios mortais
pois desamor e ausências, o eterno desfaz!

16/11/2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 18/11/2009
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