NESTA EXATA HORA


Você rápido cansou da rotina e sorrateiro partiu,
saiu intacto, nem sequer ousou olhar para trás...
Anulou o pacto, libertou-se das alianças, sorriu
e indiferente, levou junto, meu único sonho de paz!

Abraça hoje uma estação inconstante e leviana,
sem laços, sem ligar para o que a alma sente.
No corpo abstrato da boemia, sentimentos engana
pois mantém em cativeiro, a emoção dormente...

Foi um adeus seco onde não abrolhou pranto,
em dor concreta, a água do olhar se fez de pedra;
a minh’alma contrita imergiu, ocultou o desencanto
e em grossas teias, a solidão astuta medra...

Por um tempo, em esperança ainda acreditei
que a saudade, em rios-lembranças, abrisse guarida
na essência do seu corpo, onde um dia eu aportei,
pensando ter o eterno, um porto para toda a vida!

Esse mesmo tempo conselheiro me confessou
que esperar por um andarilho de nada me valeria.
Que algo em seu peito trincou, a lágrima cristalizou
pois seu coração vive de agonia, que ofusca a estesia...

Burilei então todas as minhas pedras brutas,
chorei... Deixei o eterno no abandono adormecer
nas profundezas longínquas de úmidas grutas
e agora, nesta exata hora, vou esquecer você!

Que pena querido, nunca há de conhecer a dor
de quem ama, e se vê forçada a abortar o amor!



15/11/2009




Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 23/11/2009
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