PERDOA...


Por ter sido uma pueril flor do campo,
quando querias a exuberância da rosa;
por ofertar partes essenciais de mim
em versos de amor, e as queria em prosa.

Por não ser capaz de cantar com euforia
as letras das canções que sempre tocavas;
minh’alma as sabia de cor, a voz se confundia
com o som do coração, em estado de mágoa!

Por ter sido uma estrela envolta em véus,
quando querias para ti o Universo infinito;
por sempre esperar o que não podias doar
e abortar todo o dia a dor, num calado grito!

Perdão, se quando vestida de estesia
sonhava alcançar serena, a alma tua;
és simplesmente um poema inacabado
que submerge na solidão, da rima crua!

Perdoa minha ingenuidade, imperfeita sou!
Por acreditar na sinceridade do teu amor
e entregar-me completa e sem restrições
a ti, um garboso aventureiro enganador!

Perdoa-me, pois já me perdoei dos pecados,
das saudades, do corpo chorando desejos.
Já me ajoelhei diante dos sentimentos remendados
e embrulhei em papel de pão, a ilusão que restava!

Perdoa-me, por tarde demais entender e acordar
nua de sonhos, só... Numa realidade salgada e vazia
e toda a falsidade do teu olhar, não poder perdoar!




25/11/2009






Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 27/11/2009
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