CARÊNCIAS


Tempo em desalinho, ironias...
Estás da minha vida tão ausente,
tão distante do intenso sentimento,
tão próximo do meu fugidio olhar
onde não bailam mais fantasias...

A boca do silêncio engoliu o canto
e encobriu uma imperfeita sinfonia.
Amor feito de enganos e mentiras
não suporta aquilo que não comporta
e deixa um rastro viscoso de desencanto...

Nem tudo tem tons de nostalgia ou saudade
e nas impossibilidades do momento
já não te quero, não busco tua presença...
Vivo a minha realidade, alma em tiras
catando nas noites, um pouco de paz e serenidade,
cansei dos pesadelos, do sono em tormento!

Vou seguindo... Apaguei a luz dos olhos teus
para não mais ver o reflexo das falsidades.
Prossigo sempre fiel à minha crença,
fui verbo, entrelace de sonhos em verdades
que jamais soubeste comungar ou entender...
Sigo maculada, essência feita em metades,
mascaro a dor para ninguém perceber...
De ti escondo estilhas de emoções, adeus!

Neste meu coração ora vazio, sem vaidades
havia um sublime querer, maior que eu...
E que acreditava na eternidade do sentir!
Sei que aos poucos as feridas irão cicatrizar...
Preciso ficar fora do teu alcance, fugir!
És mistura impura de leviandades
e contigo, meu corpo em solidão viveu
chorando num leito frio...
De carências, o amor morreu...

 
06/12/2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 06/12/2009
Reeditado em 12/06/2011
Código do texto: T1963521