Medo do veneno
Novamente sinto o gosto dos remédios
Entorpecida é como sinto minha razão
Passei dias tentando evitar o tédio
E acabei encarcerado na mesma prisão
Minha carne sente dores incalculáveis
A minha volta o habitual continua
Os castigos são responsáveis
Pela minha pele nua
Um líquido escorre da minha cabeça
ele surgiu dos meus abusos
é um veneno capaz de carregar minha sentença
que tenta afastar-me do que uso
Tenho dúvidas sobre minha cura
Medo sobre a verdade da minha doença
Deixei de ter a alma pura
Quando me afastei das minhas crenças
Eu sei que os cárceres enjoam da minha folga
Mas sou sozinho para tantas obrigações
A vontade de ser normal sempre me empolga
Só que estou preso a velhas limitações
Meu corpo já não serve de abrigo
Para um fantasma cheio de defeitos
Sou resistente e sei que consigo
Com que meu castigo seja aceito.
Não quero que meu veneno atinja mais alguém
Prefiro que ele consuma apenas a mim
Pois é melhor eu ser o único refém
Do que todos terem o mesmo fim.