O ÚLTIMO GESTO

O ÚLTIMO GESTO

Já cortado, o último gesto perde a pujança.

Meu corpo nu, prostrado e seco, jaz ao leito;

a mente agônica nao vê, não mais alcança

a vontade que, ao existir, me fez rejeito.

Ao tornar-se tudo o que tive um só conceito,

o primitivo ser acorda e ruge e cansa

ao rasgar-se inteiro no que era, então, perfeito

e que a Morte muda ao chegar e impor-se à dança.

A paz que está distante não deixou herança

e na escuridão meu rosto nas mãos estreito,

o esgar oculto e preso a acompanhar a ânsia...

Que toda esta dor que ora me transpassa o peito

passe ao largo da alma que ora empunha a lança

ao suceder da noite, ao despertar do feito.

Mascaranha
Enviado por Mascaranha em 31/01/2010
Código do texto: T2062035
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