Heróis de Papel

Atrás de seus bureaus acomodados

Sob folhas de papel e carimbos sem tinta

Meus heróis estão gordos e mofados

Escondendo entre os dentes

A palavra certa e o olhar aguçado

No aconchego do pão certo de cada dia

Na fala dissimulada do idioma rebuscado

Abrigam uma faísca do desejo de mudança

Como a semente que brotou no telhado

De onde virá a nova revolução

Se tudo parece já estar inventado

Se o capital impera e ordena o até fluxo

Dos desejos sinceros e do amor sonhado

Estão lá meus heróis

Com prisão de ventre e andar quebrado

Criando o que não queria

E o que queria, errado.